Prefeitura de Goiânia reafirma condições de funcionamento do aterro sanitário

Prefeitura de Goiânia reafirma condições de funcionamento do aterro sanitário
Sandro Mabel cita relatórios técnicos que atestam viabilidade do aterro

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Alex Malheiros

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, defendeu a legalidade da operação do Aterro Sanitário de Goiânia durante entrevista coletiva concedida no Paço Municipal. Ele citou o relatório mais recente do Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), divulgado em junho de 2025, que atribuiu nota 7,5 à estrutura, classificando-a como “parcialmente adequada”, com viabilidade para continuidade da operação. Também foram mencionados documentos elaborados pela Fral Consultoria e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que, em vistoria realizada em maio, destacaram positivamente a estrutura e a equipe técnica responsável pelo local.

Segundo o prefeito, a expectativa é de que a modernização completa do aterro seja concluída em até dois anos. O projeto prevê a instalação de uma estação de tratamento definitiva, o aproveitamento do gás gerado para produção de energia, e a desmineralização da água obtida a partir do tratamento do chorume, que poderá ser vendida ou utilizada em processos industriais. Também está prevista a criação de uma Central de Tratamento de Resíduos (CTR). “Abrir mão do aterro significa abandonar o local, o que aumenta os riscos. Estamos trabalhando para transformá-lo em um dos mais modernos do Brasil”, afirmou.

QUESTIONAMENTO TÉCNICO

A presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Zilma Peixoto, contestou o relatório elaborado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que aponta riscos na operação do aterro. Segundo a gestora, o documento não apresenta base técnica nem estudos detalhados. Um dos pontos citados pela Semad seria a ausência de um supervisor técnico no local, mas, de acordo com Zilma, a gestão conta com um profissional capacitado, cuja atuação foi elogiada pela CGU.

Ela também questionou a falta de cálculos que sustentem a possibilidade de desmoronamento do maciço e destacou que, em vistoria recente, auditores da CGU atestaram a boa condição da área, inclusive em relação ao controle de odores. A gestora defendeu maior transparência no debate e solicitou acesso ao relatório técnico, com o objetivo de oferecer respostas e apresentar prazos de execução. “O prefeito já se colocou à disposição para prestar contas regularmente e pediu apenas a oportunidade de implementar melhorias no sistema de tratamento de resíduos”, afirmou.

Ainda conforme Zilma Peixoto, o relatório da Semad apresenta 34 apontamentos, dos quais 20 são contestados pela prefeitura por ausência de fundamentos técnicos, cálculos ou análises laboratoriais. Em reuniões com o Ministério Público, segundo ela, foi entregue um relatório detalhado com condicionantes já atendidas e prazos definidos para as demais pendências, como parte do processo para obtenção do licenciamento corretivo.

“A prefeitura demonstrou disposição em prestar contas, mas não teve a oportunidade de avançar com o plano. Quando solicitamos a licença corretiva, a Semad negou, exigindo o encerramento da operação em um prazo considerado inviável de dois meses”, declarou. Para a presidente da Amma, o município está comprometido com a regularização do aterro, mas enfrenta obstáculos administrativos que dificultam a implementação das soluções previstas.

INVESTIMENTOS E TECNOLOGIA

Durante a entrevista, o prefeito destacou os investimentos já realizados na modernização do tratamento de resíduos do aterro, com melhorias na infraestrutura, aquisição de equipamentos e solicitação de licença de funcionamento junto a órgãos ambientais. As declarações foram feitas em resposta a críticas recentes sobre a segurança da estrutura e suposto risco de desmoronamento ou explosão.

Mabel informou ainda que o município planeja adotar tecnologia semelhante à utilizada em países europeus, capaz de processar até 65% dos resíduos para reciclagem e incinerar o restante, sem geração de chorume ou rejeitos sólidos. “Não sobra nada, nem um litro de chorume, nem um quilo de lixo. Esse é o caminho que queremos seguir”, afirmou.

O gestor também descartou a possibilidade de utilizar aterros privados. Segundo ele, o custo médio do aterro municipal é de R$ 40 por tonelada de lixo tratado, enquanto em estruturas privadas o valor pode chegar a R$ 170. “Não vamos aceitar pressionarem para enviar nosso lixo para aterros privados. Com os recursos que economizamos, podemos investir em soluções definitivas e sustentáveis”, acrescentou.

PLANO DE OPERAÇÃO E MONITORAMENTO

Entre os investimentos da atual gestão, está a aquisição de 12 novos equipamentos para auxiliar na manutenção e operação do aterro, incluindo quatro tratores de esteira, uma escavadeira hidráulica, duas pás carregadeiras, uma retroescavadeira e quatro caminhões basculantes. As obras de adequação já foram iniciadas, com ações como limpeza e correção de taludes, cobertura diária dos resíduos, drenagem de chorume e gás, e controle da disposição dos resíduos.

A prefeitura informou que está em fase de contratação de uma empresa especializada para realizar o monitoramento ambiental e geotécnico do local, além de elaborar o edital de licitação para instalação de uma unidade definitiva de tratamento de chorume. Atualmente, o chorume é encaminhado para tratamento complementar na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Saneago. Também está prevista a contratação de serviço para o beneficiamento dos resíduos da construção civil, a fim de promover destinação adequada.

Um relatório elaborado pela Fral Consultoria, empresa especializada em projetos de meio ambiente, atestou em 2022 que o aterro opera de forma adequada e que possui capacidade de funcionamento por pelo menos mais sete anos, mesmo sem a realização de novas adequações. O documento também valida a estrutura e reforça a viabilidade da operação.

Com base nos relatórios técnicos apresentados, o município argumenta que o encerramento precoce das atividades do aterro poderia representar riscos ambientais e impactos à coleta de lixo em Goiânia, que gera, em média, mil toneladas de resíduos por dia. A prefeitura afirma seguir em busca de alternativas técnicas e legais para garantir a regularidade da operação, com base nos princípios da responsabilidade ambiental e do interesse público.