Julho Amarelo: campanha alerta para prevenção e diagnóstico das hepatites virais

Julho Amarelo: campanha alerta para prevenção e diagnóstico das hepatites virais
Ministério da Saúde registrou mais de 785 mil casos confirmados no país entre 2000 e 2023, com predominância dos tipos B e C

Assessoria 

424297-entry-0_0-1752089888.jpgDivulgação

O mês de julho é marcado pela campanha Julho Amarelo, voltada à conscientização e combate às hepatites virais: doenças que afetam o fígado e configuram um importante problema de saúde pública no Brasil. Silenciosas na maior parte dos casos, essas infecções podem evoluir para quadros graves, como cirrose e câncer hepático.

Segundo o Ministério da Saúde, entre 2000 e 2023 foram registrados 785.571 casos confirmados de hepatites virais no país. A hepatite C é a mais prevalente, com 318.916 ocorrências (40,6%), seguida da hepatite B, com 289.029 casos (36,8%), e da hepatite A, com 171.255 registros (21,8%). As hepatites D e E representam juntas menos de 1% dos casos.

“O grande desafio é detectar essa infecção na fase inicial, porque, em muitos casos, não apresenta sintomas. Quando os sinais aparecem, geralmente, já estão em estágios avançados.  Por isso a importância de todas as pessoas com mais de 45 anos realizarem o teste gratuito nos postos de saúde. Em casos de resultado positivo, façam o tratamento disponível, inclusive, na rede pública”, orienta a médica hematologista da Organização Nacional de Acreditação (ONA), Alda Cristina Feitosa.

IMPACTO REGIONAL

A distribuição dos casos varia entre as regiões brasileiras. A hepatite A tem maior incidência no Nordeste (29,7%) e no Norte (25%), enquanto os casos de hepatite B se concentram no Sudeste (34,1%) e Sul (31,2%). Já a hepatite C apresenta predominância expressiva no Sudeste (58,1%) e Sul (27,1%).

A hepatite D, que totalizou 4.525 casos no período, é mais frequente na Região Norte (72,5%). Já os casos de hepatite E, menos comuns, somam 1.846 notificações, com presença esporádica em todo o território nacional.

Em relação aos óbitos, a hepatite C é a que mais causa mortes. De 2000 a 2022, foram registrados 68.189 óbitos no país, a maioria na Região Sudeste. Os homens são os mais afetados, representando 64,3% dos casos fatais.

FORMAS DE CONTÁGIO

As hepatites virais podem ser transmitidas por diferentes vias, dependendo do tipo de vírus. As principais formas incluem:

  • Contato fecal-oral (hepatite A e E), especialmente em locais com saneamento básico precário;
  • Relações sexuais desprotegidas (hepatites B e C);
  • Contato com sangue contaminado, como no compartilhamento de agulhas, seringas, alicates e lâminas de barbear;
  • Transmissão vertical (da mãe para o bebê);
  • Transfusão de sangue (hoje, rara).

PREVENÇÃO

A vacinação é a principal forma de prevenção contra as hepatites A e B — esta última também protege contra o tipo D. Para a hepatite C, que ainda não tem vacina, é fundamental o uso de preservativos e a não utilização compartilhada de objetos cortantes ou perfurantes. Já a hepatite E pode ser evitada com medidas básicas de higiene e melhorias no saneamento básico.

Além disso, o diagnóstico precoce é essencial. A testagem está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), e o tratamento é oferecido pela rede pública.

SEGURANÇA HOSPITALAR

De acordo com a Organização Nacional de Acreditação (ONA), a prevenção das hepatites B e C em ambientes hospitalares exige uma série de medidas de biossegurança, como o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), esterilização de instrumentos, descarte correto de materiais perfurocortantes e testagens periódicas de profissionais da saúde.

“Além disso, o controle rigoroso de acidentes com material biológico, por meio de fluxos bem definidos, garante uma resposta rápida e eficaz em situações de risco”, alerta Alda Feitosa.

Outra medida muito importante é a capacitação contínua das equipes e o fortalecimento de parcerias com órgãos como CCIH e SESMT são fundamentais para manter protocolos eficazes e atualizados.

SINAIS DE ALERTA

Mesmo com a característica silenciosa, em alguns casos as hepatites podem apresentar sintomas como febre, mal-estar, enjoo, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras, pele e olhos amarelados. Ao notar sinais como esses, é importante procurar atendimento médico.

Mais informações estão disponíveis no site do Ministério da Saúde e nas unidades básicas de saúde.