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Castro defende ação da polícia no Jacarezinho: ‘reação dos bandidos foi brutal’

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Governador do Rio, Cláudio Castro
Sérgio Lima/Poder360

Governador do Rio, Cláudio Castro

RIO — Em um vídeo o governador Claudio Castro defendeu a ação da Polícia Civil na favela do Jacarezinho, que deixou 28 mortos e foi a mais letal da história do Rio. Castro disse que em nenhum local do mundo a polícia é recebida com fuzis e granadas ao cumprir seu papel. O governador ainda disse que o estado “é o maior interessado em apurar as circunstâncias dos fatos”:

— Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a operação de ontem, realizada pela Polícia Civil, foi o fiel cumprimento de dezenas de mandados expedidos pela Justiça. Foram dez meses de trabalho de investigação que revelaram a rotina de terror e humilhação que o tráfico impôs aos moradores. Crianças eram aliciadas e cooptadas para o crime. Famílias inteiras eram expulsas de suas casas e mortas. A reação dos bandidos foi a mais brutal registrada nos últimos tempos. Armas de guerra prontas para repelir a ação do estado e evitar as prisões a qualquer custo — disse o governador.

A operação realizada pela Polícia Civil nesta quinta-feira, dia 6, na Favela do Jacarezinho é alvo de uma investigação independente do Ministério Público e de críticas de entidades pelo alto número de mortos. Castro disse que desde a ação, determinou a transparência do processo:

— Hoje conversei com um procurador geral da república, o doutor Augusto Aras, com o ministro do Supremo Tribunal Federal, doutor Edson Fachin, com o procurador geral de justiça do Rio doutor Luciano Matos e com o defensor Público doutor Rodrigo Pacheco. Tenho certeza, o Governo do Estado é o maior interessado em apurar as circunstâncias dos fatos — finalizou.

Mortes sobem para 28

O número de mortos no massacre do Jacarezinho, resultado de uma operação da Polícia Civil do Rio na manhã desta quinta-feira, foi atualizado para 28. Duas das três “novas vítimas” que foram contabilizadas somente nesta sexta, segundo a polícia, faleceram dentro dos hospitais aos quais foram levadas. Com essa confirmação, ontem (dia 6) foi o dia com mais mortes decorrentes de intervenções policiais desde 2007, segundo levantamento do GLOBO/EXTRA. Em 15 de outubro do ano passado, houve 25 vítimas, mas durante oito operações diferentes na mesma data.

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Ainda segundo a Polícia Civil, das 27 vítimas, consideradas suspeitas —- o 28º morto era um agente da polícia —- 26 possuíam passagem pela polícia. Nesta sexta-feira, moradores do Jacarezinho realizaram dois protestos contra a operação, na porta da Cidade da Polícia e dentro da comunidade.

ONU pede investigação independente

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos disse, nesta sexta-feira, estar “profundamente preocupado”, após a sangrenta operação contra o tráfico de drogas da polícia em uma favela do Rio de Janeiro, e pediu à Justiça brasileira uma “investigação independente e imparcial”.

“Recebemos relatos preocupantes, segundo os quais, depois do ocorrido, a polícia não tomou as medidas necessárias para preservar as provas na cena do crime, o que pode dificultar a investigação”, afirmou o porta-voz da instituição da ONU, Rupert Colville.

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Protesto reúne centenas de moradores no Jacarezinho

Um grupo de aproximadamente 150 pessoas realizou um protesto contra a operação policial na noite desta sexta-feira, na porta da Cidade da Polícia, no Jacaré, ao lado da comunidade, na Zona Norte do Rio. Com faixas e cartazes, o grupo fez um caminhada e pediu justiça para o caso. Alguns moradores usavam camisas com a inscrição “25 mortos não é operação, é chacina “.

Uma faixa com os mesmos dizeres também era empunhada pelos manifestantes. O protesto foi acompanhado de forte aparato policial com pelo menos 15 patrulhas da Polícia Militar. Apesar disso, não houve qualquer incidente. Após cinco minutos de caminhada, os manifestantes entraram na comunidade onde fizeram uma prece pelos mortos. Durante a manifestação, o trânsito ficou em meia pista na Avenida Dom Hélder Câmara e um pequeno congestionamento chegou a se formar no local.

Ministério Público investiga possível excesso da polícia

O Ministério Público do Rio (MPRJ) está investigando as circunstâncias das mortes e, através da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, instaurou procedimento para apurar se houve violações a direitos durante a operação policial. O MPRJ ainda acompanhou as perícias nos corpos com um médico perito da instituição dentro do IML.

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Os promotores de Justiça integrantes da Coordenadoria-Geral de Segurança Pública, do GTT – Segurança Pública e da Coordenadoria-Geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana estão acolhendo relatos e recebeu imagens e vídeos da operação de associações e da população. O MPRJ disponibiliza um canal, para quem quiser colaborar com denúncias, informações e registros audiovisuais pelo número (21) 2215-7003, que também funciona no whatsapp. O sigilo é garantido

Secretário da Polícia Civil culpa os traficantes

Durante o velório do policial André Leonardo de Mello, vítima do massacre, o secretário de Polícia Civil Allan Turnowski disse que a operação foi feita com atuação técnica e com maturidade. Turnowski, que saiu sem dar entrevista, disse em seu pronunciamento que os traficantes , nesta quinta-feira, não atiraram para fugir e sim para matar.

— Para quem conhece de operação um pouquinho, só um pouquinho, o traficante, o criminoso, quando a gente entra numa comunidade, ele atira para fugir. Ontem(quinta-feira), eles atiravam para guardar posição, atiravam para matar, para confrontar. Eles não correram. O que a Polícia Civil mostrou ontem foi técnica, foi maturidade, foi profissionalismo de mostrar à sociedade que aquele traficante que invadiu a casa de uma moradora, ele é inimigo de toda sociedade. Porque pode invadir sua casa na Zona Sul, na Zona Norte, na Zona Oeste. E a última barreira eram vocês ( policiais). E vocês fizeram a missão de vocês. A inteligência já confirmou todos os mortos como traficantes. Dezenove com folhas corridas até agora — disse o secretário.

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