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Comissão de Turismo da Alego promoveu fórum para debater enoturismo em Goiás, atividade que está em expansão

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A Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa de Goiás promoveu nesta terça-feira, 7, fórum de debates sobre o tema: “Panorama da Vitivinicultura em Goiás e a atividade enoturística. A produção de uva e vinho em Goiás e a nova atividade do turismo nos vinhedos”. Ao final dos trabalhos foi solicitada a elaboração de uma carta voltada a buscar uma maior participação do Poder Público em apoio ao setor.

O evento híbrido foi coordenado pelo presidente do colegiado, deputado Coronel Adailton (Progressistas), com transmissão ao vivo pela TV Alego (canais 3.2 da TV aberta, 8 da NET Claro e 7 da Gigabyte Telecom), pelo site oficial do Parlamento (portal.al.go.leg.br) e, ainda, pelo canal do Youtube. 

Além do parlamentar, integraram a mesa diretiva: presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral; gerente de Produção Sustentável e Agricultura Familiar da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Ricardo Carneiro de Araújo; reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Antônio Cruvinel; presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), prefeito Carlão da Fox (Goianira); e presidente do Conselho Empresarial de Turismo da Fecomércio Goiás (Cetur-GO), Ricardo Rodrigues.

Ao dar boas-vindas aos presentes, na condução das atividades, Adailton ressaltou as características do setor com a qualidade das uvas produzidas em Goiás, que conta atualmente com quatro vinícolas, localizadas nos municípios de Itaberaí, Paraúna, Pirenópolis e Ipameri. Além disso, são 11 municípios produtores de uva, que inclui também Hidrolândia, Cristalina, São João da Paraúna, Aragoiânia, Formosa, Cocalzinho de Goiás e Corumbá de Goiás. 

Conforme dados de 2020 da Seapa, Goiás é o décimo produtor de uvas no país, com 48 estabelecimentos produtores, e safra de 1.411 toneladas. São 76 hectares plantados, com a produção de 18,6 toneladas por hectare, convertidos em 3.700 kg de uvas exportados, principalmente para o Paraguai. O setor movimentou R$ 5.866,174,21 em negócios. 

O parlamentar ressaltou o compromisso e a importância de o poder público apoiar e incentivar a produção. “O enoturismo goiano vem crescendo e despertando interesse e o Poder Público não pode se omitir no seu dever de estimular essa atividade”, afirmou, ao ressaltar as oportunidades que o setor oferece, com o crescimento e a qualidade dos produtos goianos. 

Na sequência, foi apresentado um vídeo que abordou a realidade da vitivinicultura em Goiás, desde os empreendimentos, a qualidade da uva e produção do vinho. Um dos pontos ressaltados, é que durante o período de pandemia, a atividade permite atividades ao ar livre, o que tem atraído turistas com interesse no setor. 

Adailton também abordou importantes parcerias como com o Sebrae, com universidades, em especial a UEG, com apoio aos produtores, e empresários. 

Potencial e qualidade

Sebastião Ferro, pioneiro no setor, proprietário da vinícola Cálice de Pedra, falou sobre Vinicultura em Goiás e a atividade Enoturística. “É uma honra falar em nome de um grupo de loucos, que estava inventando uma atividade que não existia aqui. Hoje é uma realidade que está à prova de cada um que queira ver isso.”

Ele abordou os benefícios da uva como alimento e protetor da saúde das pessoas. Lembrou que a uva e seus derivados agregam ao organismo humano, melhoram a qualidade de vida das pessoas. “Estamos fazendo um trabalho que é uma conquista. Podemos mostrar que temos um potencial forte e qualidade e evidência de que nossos produtos se comparam aos melhores do mundo.” 

“Nossa uva do cerrado tem características excelentes, melhores que as do Rio Grande do Sul, Argentina e Chile, e até mesmo na França. Obedecemos um calendário diferente. Não colhemos uvas para serem industrializadas no período da chuva”, exemplificou acerca dos cuidados com a produção em busca de frutos de qualidade. 

“É uma realidade. Fazer com que possamos deixar um legado para Goiás e municípios, com geração de emprego e oportunidade”, salientou ao estimular aqueles que queiram se dedicar à atividade. 

Economia

Gerente da Seapa, Ricardo Carneiro tratou da vitivinicultura como um pilar da economia, além de detalhar o aumento de estabelecimentos cadastrados, com um acréscimo de 10% no último ano, em que são contabilizados 56 propriedades. “A gente percebe um valor agregado muito grande”, ressaltou, além de reafirmar a importância da pesquisa e assistência na área de fruticultura, em decorrência da necessidade de especialização no setor. 

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Carneiro ainda abordou a importância da realização da atividade do agroturismo. “Estamos alavancando essa atividade em Goiás”, reafirmou ao tratar da criação de uma rota de vinhos. “Queremos não atrapalhar e fazer melhor”, disse ao tratar da importância da irrigação para a produtividade, e ainda na defesa do agroturismo. 

O professor e coordenador do curso de vitivinicultura da UEG (unidade de Ipameri, onde está instalada a Vinícola Vinhedos do Cerrado), Roberto José de Freitas, tratou do histórico da viticultura em Goiás e do projeto desenvolvido com o apoio da instituição de ensino, ao oferecer apoio técnico aos produtores. Ele também cobrou empenho das autoridades em defesa da atividade. 

Freitas explicou a técnica desenvolvida no Cerrado a fim de produzir uvas de qualidade diante das condições de umidade e temperatura. “O ar seco proporciona sanidade às uvas, sem problemas na colheita.” Ele realçou as condições do Cerrado para produção de vinhos finos. Na região, atualmente são produzidos 20 tipos de uvas de mesa e 50 para produção de vinho, que segundo o especialista estão em observação para ver quais possuem melhor comportamento. Além disso, tratou da atividade enquanto empregadora e de alcance social. 

Ele reafirmou a necessidade de apoio fiscal inicial, com investimentos do estado. “Entendemos que vai trazer uma contribuição para nossa unidade de Ipameri”, defendeu e ressaltou a importância da ampliação da pesquisa no setor. Freitas taambém defendeu que o vinho produzido em Goiás tem condições de conquistar espaço tanto no mercado nacional quanto no internacional. 

Parceria público-privada

Empresário e produtor de uvas em Salto do Corumbá, no município de Corumbá de Goiás, Rodrigo Borges falou da atividade na região dos Pirineus, onde está instalado. Ele discorreu sobre características das propriedades da região, em relação ao próprio relevo. “A gente tem uma condição fantástica de produzir em Goiás, atendendo ao eixo econômico Goiânia-Brasília, segundo maior mercado comprador do país.” 

Borges falou da realidade em agregar esse valor incrível para Goiás. “Estamos numa virada de página para o nosso estado”, garantiu, ao tratar da importância do papel da iniciativa pública ao apoiar o setor da vitivinicultura, a fim de aumentar a capacitação. No entendimento do produtor, o Poder Público tem o papel de proporcionar o crescimento do setor, em esforço conjunto com a iniciativa privada. 

Rota das uvas

A secretária de Turismo de Pirenópolis, Vanessa Leal, enquanto representante dos outros secretários da região, apresentou o projeto “Rota Regional das uvas, queijos e vinhos”, iniciativa empreendedora de fomento da economia do Turismo em experiências Enoturísticas. “Temos que ter a sabedoria de transformar o potencial em produto.” 

Além de tratar da pujança do turismo em Pirenópolis, abordou a importância de diversificar as ofertas de produtos. “Isso representa uma maturidade”, disse sobre a cadeia para a transformação da rota na região que se inicia com os três municípios, compreendendo Pirenópolis, Corumbá de Goiás e Cocalzinho, por meio de parcerias. “Agora nosso desafio é aproveitar todo esse trabalho e transformar em produto turístico.” 

Presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral ressaltou a importância do processo voltado à evolução do assunto, a  ser tratado com o governo estadual. Ele salientou a importância e necessidade de estudos e pesquisas científicas para o desenvolvimento do país. E reafirmou a necessidade de o setor público apoiar e ajudar a iniciativa privada em suas atividades. “O que vocês estão produzindo em conceito de turismo, com a regionalização, é muito importante, além da segmentação, ao escolherem um determinado produto.” Amaral disse que é importante levar o tema ao conhecimento do governador. 

Um ponto importante tratado por Amaral é a necessidade de que o Poder Público contribua mais para alavancar o setor em Goiás. “Precisamos nos sentar para discutirmos pontos importantes para dar um bom direcionamento em 2022.” 

Gastronomia

A chef de cozinha Emiliana Azambuja discorreu sobre a importância do fórum a título de informações, momento em que considera histórico. “O que seria da gastronomia sem o turismo e do turismo sem a gastronomia”, indagou. 

Ela também tratou da importância da atividade enquanto geradora de renda. “Nosso papel é levar a gastronomia do nosso estado”, afirmou, ressaltando ainda a importância de valorizar um ingrediente. Ela discorreru sobre a harmonização da uva e do enoturismo junto à gastronomia. 

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Empresária e gastrônoma, Adriana Carvalho fez uma breve apresentação das atividades realizadas no setor. Ela apresentou o projeto Calliandra Gastronomia, uma experiência rural com passeio pelos parreirais e cardápio harmonizado, no município de Cocalzinho de Goiás, evidenciando a enogastronomia.

“Desde de 2015 comecei um processo de mostrar às pessoas essa proposta, para ver como era uma plantação vinífera no cerrado”, discorreu sobre a experiência em atender o turista rural. Ela também falou de como prosseguiu nas atividades mesmo durante o período de pandemia. “Com todos os protocolos, seguimos para receber turistas que procuravam por bom atendimento em local simples.”. Ela reafirmou a vitivinicultura como uma atividade promissora. 

“O turismo é algo que vai acompanhar a produção da uva”, explicou a empresária, que se diz entusiasta e apaixonada pelo setor. Por fim, propôs a realização de visitas técnicas. “Não é fácil, mas é encantador e gratificante.” 

Homenagem 

Durante o Fórum também foi homenageado o produtor Danilo Razia, por seus relevantes feitos ao estado de Goiás, em especial para a vitivinicultura e para o enoturismo. Casado e pai de quatro filhos, é natural de Bento Gonçalves (RS). Veio para Goiás em 1999, e se instalou com a família no município de Itaberaí, trazendo as mudas de uva enroladas em toalhas molhadas, com as quais formou seu primeiro parreiral. Pioneiro na produção de uva em Itaberaí, com seu entusiasmo, colaborou com muitos outros que quiseram formar seus vinhedos.

Razia agradeceu pelo reconhecimento. “Iniciamos, e minha família tem levado adiante a atividade Queremos que o negócio prospere. O período de retorno é de cinco a dez anos”, alertou. 

Por fim, Danilo tratou das dificuldades como a mão de obra capacitada e também falou da importância do apoio do poder público, e ainda ressaltou as características climáticas e do solo em Goiás. “O melhor lugar para produzir é aqui.” 

O dirigente classista Ricardo Rodrigues realçou a importância dos conhecimentos compartilhados pelos participantes do evento. Disse que o setor em Goiás é generoso e promissor e ressaltou o trabalho que realizado durante o período de pandemia. 

“Trabalhamos como um grande conselho de empresários”, afirmou Rodrigues, ressaltando pontos primordiais para o atendimento dos turistas com qualidade. Ele realçou o trabalho das entidades do Sesc/Senac, que envolve várias áreas do setor, a exemplo da capacitação e qualificação. 

Associativismo

Por sua vez, o presidente da Associação Comercial e da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Cristalina (CDL) Airton Arikita, falou sobre “A sinergia entre iniciativa privada e poder público”. Ele realçou a importância das iniciativas do setor do agronegócio em Goiás. “É uma honra estar aqui aprendendo muito com os que me antecederam.”

Arikita tratou da iniciativa privada com respaldo da iniciativa pública. “O que acontece hoje, será um divisor de águas no propósito dos vitivinicultores, com a informação e a cultura, para levar ao conhecimento do público. É onde vamos colher os resultados.” 

Essa sinergia e o processo associativista, disse o gestor, foram importantes para o agronegócio a partir do desenvolvimento da produtividade do cerrado, por meio da tecnologia, com a contribuição da Embrapa. Arikita também abordou o plantio direto. “A partir daí com envolvimento no desenvolvimento das pesquisas, com propagação da tecnologia”, frisou ao reafirmar a competitividade do agronegócio. 

Para ele, o evento é um exemplo do resultado da parceria entre o poder público e iniciativa privada. Arikita pontuou a forma com a qual está sendo desenvolvida a atividade de vitivinicultura em Goiás. 

Considerações finais

Ao finalizar o evento, deputado Adialton informou acerca de matéria em trâmite na Câmara dos Deputados, objeto do projeto de lei nº 1737, de autoria do deputado gaúcho Jerônimo Goergen, que cria a Política Vitivinícola Nacional. O objetivo é apoiar a produção brasileira, por meio de instrumentos para apoiar a produção, a comercialização e o consumo de uva, de vinho e de seus derivados; melhorar os padrões de qualidade e a genuinidade dos produtos vitivinícolas; e promover a inovação e a competitividade da viticultura nacional.

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