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Para salvar vidas

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A doação de sangue é um ato solidário de amor que pode salvar vidas. Cada bolsa de sangue pode ajudar até quatro pacientes. No entanto, fazer o bem sem olhar a quem é uma virtude de poucos, visto que no Brasil apenas 1,6% da população realiza a doação com frequência, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS). 

Apesar de a porcentagem estar dentro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para que 1% da sociedade de cada país seja doadora, ainda se trata de um número pequeno. Na tentativa de aumentar esse índice, são realizadas constantemente, em todo o país, ações de conscientização.

O Legislativo goiano, por exemplo, realiza campanhas para a doação de sangue três vezes ao ano. O trabalho é realizado em parceria com o Hemocentro, que disponibiliza uma unidade móvel para triagem e coleta de sangue para os servidores da Casa e público em geral que preencherem os requisitos para a doação.

Para homenagear as pessoas que fazem a doação de forma regular, é celebrado no dia 25 de novembro o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue. A data foi estabelecida por meio do Decreto nº 53.988, de 30 de junho de 1964, assinado pelo então presidente Castello Branco. A data é referente ao aniversário da Associação Brasileira de Doadores Voluntários de Sangue.

Contribuição

Doador há 8 anos, o advogado e servidor público Glauco Borges Júnior conta que a iniciativa surgiu a partir de uma demanda específica, quando um amigo foi submetido a uma cirurgia e precisou de transfusão. Ao perceber a importância da ação, deu continuidade ao ato e realiza, hoje, doações voluntárias a cada dois meses.

“Na época eu tinha 17 anos. Como era a primeira doação e eu era menor de idade, tive que ser acompanhado pelo meu pai e ele precisou assinar os termos como responsável. Logo após eu completei 18 anos, me tornei um doador regular e, inclusive, um grande incentivador”, declara.

Glauco Júnior afirma que doar sangue é, sem dúvidas, um ato de amor. “O mais belo de tudo é que você não sabe a quem você está ajudando. Então de fato é, literalmente, amor ao próximo”, diz.

Além disso, ele destaca que toda ou grande parte da população deveria colocar a mão na consciência e pensar que pode, um dia, estar na condição de quem necessita. “Os estoques são baixíssimos e às vezes a gente esquece da brevidade da vida e que podemos estar na condição de necessitado amanhã”, frisa o doador.

Atuação Parlamentar

Na atual Legislatura, foram apresentadas algumas proposituras voltadas a doações e doadores de sangue. Dentre elas, se destaca a matéria nº 4759/19, que altera a lei nº 12.121, de 5 de outubro de 1993, que concede estímulos especiais aos doadores voluntários e sistemáticos de sangue em Goiás. De autoria do deputado Rafael Gouveia (Progressistas), a proposta tem como objetivo proporcionar um benefício que incentive o doador de sangue a se fidelizar, ou seja, criar o hábito de doar sangue continuamente.

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“Incluir essa facilidade no cotidiano do doador servirá com eficaz estímulo para elevar o número de doadores e assim minimizar a luta diária em busca de doadores para elevar os estoques de sangue”, pontua o autor, em sua justificativa, com a afirmativa de que a doação de sangue é considerada segura, pelo fato de possuir protocolo, com normas rígidas de segurança, que vão desde a seleção do doador até o armazenamento do sangue. A matéria foi aprovada em definitivo pela Casa de Leis.

Em fase de primeira discussão e votação, o projeto de lei nº 6103/19, de autoria do deputado Iso Moreira (DEM) visa instituir a campanha “Junho Vermelho”, dedicada ao incentivo à doação de sangue e medula. O objetivo, de acordo com o texto, é estimular campanhas de doação e regulamentar movimentos que já se manifestam sobre esse assunto, envolvendo de forma participativa a rede pública.

Outro projeto de destaque em trâmite no Parlamento goiano dispõe sobre a obrigatoriedade de afixação de cartazes em estabelecimentos que realizam a aplicação de piercing, tatuagem ou maquiagem definitiva, informando o impedimento temporário para doação de sangue. A matéria de nº 2324/20, assinado pelo ex-deputado Diego Sorgatto (DEM), também se encontra em fase de primeira discussão e votação.

“Visamos garantir que os clientes ou frequentadores de estúdios de tatuagem, piercing ou maquiagem definitiva, possam estar cientes a respeito dessa restrição, fornecendo maiores informações sobre as doações de sangue e importância das mesmas”, frisa o autor da propositura, em sua justificativa.

Apresentado no presente ano, o projeto de lei nº 5632/21, de autoria do deputado Delegado Eduardo Prado (DC) visa instituir o “selo sangue bom” no estado de Goiás. O certificado deve, de acordo com a proposta, ser outorgado às universidades, centros universitários e faculdades que estimularem o trote solidário, com o objetivo de incentivar a doação de sangue. 

“A propositura em análise visa estimular a doação de sangue, uma vez que, não faz parte do cotidiano da maioria da população brasileira e, por isso, a inserção da ação de doar sangue é um processo lento, que necessita de estratégias educativas de captação”, frisa o legislador, em sua justificativa. A matéria recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e aguarda deliberação em plenário.

Esperança

Presidente da Comissão de Saúde no Parlamento goiano, o deputado Gustavo Sebba (PSDB) afirma que doar sangue é um hábito nobre que só desperta para a importância nos momentos difíceis. Ele destaca a necessidade de campanhas que, além de estimular a ação, possam informar a população a respeito da importância do ato e, também, com relação aos protocolos necessários para a doação.

“Infelizmente, a gente precisa ter um amigo ou parente precisando de sangue para lembrar que podemos salvar vidas com um gesto tão simples. O Dia do Doador Voluntário é uma data fundamental para despertar a consciência de que podemos ajudar muitas pessoas com uma simples doação. Ao longo dos anos, muitos preconceitos caíram em relação à doação de sangue. Existia um risco de contrair infecções há 40 anos, mas hoje esse risco já não existe”, pontua. 

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O legislador chama a atenção, ainda, para a segurança do procedimento, tanto para quem doa, quanto para quem recebe a doação, além da evolução com relação às regras. Lembra que existia um medo de que o procedimento fosse muito agressivo, retirando mais sangue do que o necessário, mas hoje os protocolos são rígidos.

“Havia também impedimentos para grupos específicos, como os homossexuais, que eram impossibilitados de doar, mas isso também já foi derrubado. Aos poucos, toda a sociedade vai desmistificando a doação de sangue e entendendo o quanto ela é essencial para tratar quem corre risco de hemorragias e afins”, frisa Sebba. 

“Acredito que, no futuro, doar sangue vai ser como fazer aniversário, todo mundo vai ter o entendimento e a responsabilidade social de tirar um dia por ano para doar. Porém, precisamos investir em educação e conscientização para que isso não precise ser imposto”, acrescenta Gustavo Sebba, com a expectativa de ações que contribuam para um futuro melhor, onde a prática possa se tornar algo comum e frequente.

Requisitos para doação

Abaixo, os protocolos necessários para realizar a doação de sangue:

– Levar documento de identificação com foto;

– Estar em boas condições de saúde;

-Ter entre 16 e 69 anos de idade (de 16 a 17 somente com autorização do responsável legal);

-Idade até 60 anos se for a primeira doação;

-Intervalo entre doação de sangue de 90 dias para mulheres e 60 dias para homens;

-Pesar mais de 50 kg;

-Não estar em jejum;

-Após almoço ou janta aguardar pelo menos três horas;

-Não ter feito uso de bebida alcóolica nas últimas 12 horas;

-Não ter tido parto ou aborto há menos de três meses;

-Não estar grávida ou amamentando;

-Não ter feito tatuagem ou maquiagem definitiva nos últimos 12 meses;

-Não ter piercing em cavidade oral ou região genital;

-Não ter feito endoscopia ou colonoscopia nos últimos seis meses;

-Não ter tido febre, infecção bacteriana ou gripe a menos de 15 dias;

-Não ter fator de risco ou histórico de doenças infecciosas, transmissíveis por transfusão;

-Não ter visitado área endêmica de malária a menos de um ano;

-Não ter tido malária;

-Não ter diabetes em uso de insulina ou epilepsia em tratamento;

-Não ter feito uso de medicamentos anti-inflamatórios a menos de três dias;

-Não ter recebido diagnóstico de covid-19 nos últimos 30 dias;

-Vacinados com a CoronaVac devem aguardar 48 horas após a aplicação do imunizante para doar sangue;

– Vacinados com a AstraZeneca, Pfizer ou Janssen devem aguardar sete dias após a aplicação do imunizante para doar.

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