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Revolução em alta frequência

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“Eis uma máquina importante para educar nosso povo”. Esse foi o sentimento expresso por Edgard Roquette-Pinto, ao se deparar com a tecnologia da radiodifusão, durante a sua primeira exibição oficial, no Brasil. A sessão se deu durante solenidade de comemoração ao primeiro Centenário da Independência, que foi realizada em 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro, então capital federal. Na ocasião, foi transmitido um discurso do presidente Epitácio Pessoa, que se espalhou por estações receptoras da serra fluminense até São Paulo.

“Tudo roufenho, distorcido, arrombando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores consequências”, disse Roquette-Pinto, ao avaliar os resultados dessa primeira experiência. Mas os contratempos notados não foram suficientes para abalar o fascínio e a convicção que Roquette-Pinto experimentara, quanto ao potencial da nova tecnologia. Sua dedicação à causa fez com ele se apressasse em fundar a primeira emissora oficial do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, razão pela qual acabaria conquistando o título de “pai da radiodifusão brasileira”. Em homenagem à data do seu nascimento se comemora, neste 25 de setembro, o Dia Nacional do Rádio. 

Raio X

Importante dizer que a radiodifusão é um sistema de transmissão que atende tanto a emissoras de rádio propriamente ditas quanto de TV. Existem, atualmente licenciadas no Ministério das Comunicações, um total de 6.592 outorgas do gênero. Dessas, 1.793 são canais de rádio AM e FM. 

Ao todo, o órgão já acumula mais de 24 mil pedidos de outorga de radiodifusão. Para saber mais sobre o funcionamento do sistema, clique aqui.

Em Goiás

Em Goiás, o Dia Nacional do Rádio chega junto com o aniversário de fundação da Rádio Universitária. A emissora, vinculada à Universidade Federal de Goiás (UFG), completa, nesse sábado, 25, seus 59 anos. 

Em live realizada pela TV UFG na última quarta-feira, 22, Márcia Boaratti, atual diretora-geral da emissora, falou um pouco sobre a história do canal, onde trabalha há 23 anos, e destacou o seu papel social. “A Rádio Universitária foi criada em 1962 para ser um veículo de comunicação capaz de levar à sociedade as ações da universidade, sobretudo para popularizar os saberes ali produzidos. Hoje a gente estimula, cada vez mais, a participação da sociedade, porque sendo essa uma rádio pública e educativa, ela precisa ter essa diversidade de vozes”, ponderou.  

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Boratti informou que a emissora está selecionando propostas para contribuir com a programação do canal. Interessados em participar da seleção, podem encontrar mais detalhes sobre o assunto no edital divulgado na página oficial da Rádio. 

Na Assembleia Legislativa de Goiás, um projeto apresentado pelo ex-deputado Vinícius Cirqueira (Pros) visa instituir o Programa de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária para o Estado de Goiás. A matéria, que tramita há um ano na Casa, já conta com o parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “A lei de fomento à radiodifusão comunitária vem complementar a posição de centralidade assumida pela comunicação nos processos e sistemas sociais das comunidades goianas, fazendo justiça à cidadania”, defendeu o autor.

Goiás abriga 240 emissoras de radiodifusão cadastradas. Desse total, 69 são canais de rádio, sendo que a maioria tem o perfil comercial e apenas cinco delas atendem à finalidade educativa. 

História

A Rádio Sociedade, fundada por Roquette-Pinto, em 20 de abril de 1923, na cidade do Rio de Janeiro, entrou para a história como sendo a primeira emissora oficial do Brasil. A transmissão de abertura foi ao ar, em caráter experimental, no dia 1º de maio daquele ano, data em que já se comemorava, no País, o Dia Internacional do Trabalho. 

Mas, a experiência pioneira havia se dado, de fato, quatro anos antes, em 1919, com a Rádio Clube de Pernambuco. Apesar de conhecida e noticiada, a emissora, que não contava com o apoio institucional do Governo, na época, acabou ficando em segundo plano na história da radiodifusão nacional. 

O protagonismo assumido pela Rádio Sociedade diante desse cenário fez com que, em 1936, ela se tornasse a primeira rádio educativa estatal. Isso se deu após uma cessão de doação feita por Roquette-Pinto ao Governo federal. A partir de então, o canal passou a se chamar Rádio MEC (em referência ao Mistério da Educação e Cultura). A emissora permanece no ar, com esse nome, até os dias atuais e hoje pertence à Empresa Brasil de Comunicação (EBC). 

Mesmo com a mudança de administração, a rádio jamais se desvirtuou dos propósitos iniciais de seu fundador. “Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”, foi o slogan eternizado por Roquette-Pinto e que ainda se mantém em vigor na programação da Rádio MEC. “A rádio era a escola de quem não tinha escola”, insistia o idealizador, que além de radioamador, era também médico legista, professor, escritor e antropólogo.

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O espírito do lema podia ser perfeitamente notado na programação inicial da emissora. Durante os 13 anos em que permaneceu sob a administração de Roquette-Pinto, o canal já vinha conseguindo manter uma transmissão regular e diversificada, com cursos e palestras em diversas áreas científicas, contação de histórias para ensinamento de valores éticos, conselhos médicos e de higiene, além de informações sobre agricultura. 

“A Rádio Sociedade foi a primeira estação da América do Sul a irradiar uma ópera completa, a apresentar um quadro com teatrinho infantil e um programa de jazz com regularidade. Recebeu visitantes ilustres de todas as partes do País e até do estrangeiro, entre os quais se destacam Albert Einstein e Mary Curie”, informou a pesquisadora Adriana Duarte, em artigo publicado no acervo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

Duarte afirma, ainda, que a emissora inspirou o surgimento de várias outras rádios amadoras pelo País. Como exemplos, cita a Rádio Clube Paranaense, a Rádio Sociedade Riograndense, a Rádio do Maranhão, a Rádio Sociedade Educadora Paulista e a Rádio Clube de Ribeirão Preto. 

“A Voz do Brasil”

Esse é o nome do programa de rádio mais antigo da América do Sul. De transmissão obrigatória para todas as emissoras nacionais, “A Voz do Brasil” foi criada em 1935, por Getúlio Vargas, para a divulgação de conteúdos estatais.  Com duração de uma hora, o programa vai ao ar de segunda à sexta-feira, em horário flexível, na janela das 19 horas às 22 horas (exceto feriados).  

A programação do programa está dividida nos seguintes blocos de notícias: Poder Executivo, Poder Judiciário e Poder Legislativo, sendo esse último dividido entre a divulgação de matérias do Senado e da Câmara, respectivamente. Há também, em alguns dias da semana, um minuto reservado para matérias do Tribunal de Contas da União (TCU).

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