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Grande Hotel de Goiânia é a estrela da semana na série “Nossa História” publicada nas redes sociais da Alego

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Goiânia nasceu sob a égide da modernidade. Era assim que Pedro Ludovico Teixeira desejava. Ele queria uma nova capital que em nada se parecesse com a cidade de Goiás, com seus casarões coloniais, suas tradições, suas ruas estreitas… também por esse motivo, convidou para projetar a cidade, o arquiteto Attillio Corrêa Lima, graduado em urbanismo, pela Universidade de Paris. Um profissional também movido pelas ideias de modernidade.

Atendendo às exigências do interventor do Estado, Corrêa Lima desenhou uma futura Goiânia (que  ainda não tinha esse nome) inspirado fortemente no urbanismo francês. Para a região central, avenidas largas, grandes alamedas, que desembocariam numa praça central, sede do poder do Estado. 

Para os prédios, a inspiração veio do art decó, um estilo surgido na Europa, com mais intensidade na França, tendo seu ápice entre 1920 e 1930, após a Exposição Internacional de Artes Decorativas, em 1925. Teve influência nas artes, na moda, no cinema, na arquitetura, entre outras. Na arquitetura, é um conceito que se caracterizava por ornamentos, um conjunto de linhas e formas geométricas que buscavam “decorar” o edifício, também se destacava pelo uso de cores vibrantes e materiais brilhantes. 

Em uma cidade que nascia em pleno Cerrado, numa época em que os recursos de construção eram parcos e limitados e sob a inspiração do que de mais moderno havia,  a obra do Grande Hotel foi concluída já nos primeiros anos. Foi um dos primeiros prédios a encarnar os ideais de Pedro Ludovico. Também era uma obra estratégica, já que a nova cidade precisava de um local para hospedar os visitantes, que já fosse um cartão-postal do conceito que o fundador da capital queria imprimir à cidade. Estava entre os três edifícios prioritários do fundador: o Palácio do Governo, o hotel e a prefeitura. 

A localização, na Avenida Goiás esquina com a rua 3, também atendia a objetivos planejados, pois era de fácil acesso à Praça Cívica, aos outros edifícios públicos e à saída da cidade, já que no final da avenida, ficava a Estação Ferroviária. 

Era uma construção imponente: três pavimentos, 60 quartos, além de quatro apartamentos de luxo. O produtor cultural e guia turístico, Gutto Lemes, explica que o valor histórico e patrimonial do Grande Hotel é muito importante para Goiânia e sua população. “Foi o primeiro hotel de luxo em estilo Art Déco da Capital, inaugurado já em 1937. Além de hospedar engenheiros, arquitetos e políticos na construção da cidade, recebeu ilustres personalidades como o antropólogo francês Claude Levi-Strauss, o poeta chileno Pablo Neruda e o escritor Monteiro Lobato”, diz ele. 

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O Grande Hotel hospedou, ainda, outras figuras ilustres e importantes, que vinham a Goiânia, como o presidente Getúlio Vargas. Naqueles tempos, de uma cidade ainda em construção, o hotel modernista ia muito além de local de hospedagem dos famosos. Era ponto de encontro da elite que aqui se instalava. Foi palco dos bailes mais badalados das primeiras décadas da Capital, do primeiro carnaval de Goiânia e o seu restaurante era um dos lugares preferidos da alta sociedade.  

Mas mesmo durante seu auge, começaram a surgir os problemas. Já em 1938, o Governo de Goiás, publicou um despacho convocando a arrendatária do Grande Hotel para, dentro de 30 dias, efetuar pagamentos atrasados para o Estado e Previdência, a fim de não perder a concessão de arrendamento. 

Em 1949, com uma dívida ainda maior, o Governo do Estado decidiu entregar o Grande Hotel à Previdência (hoje, INSS, o Instituto Nacional de Seguridade Social). Começava aí um longo processo de decadência do prédio que foi um dos símbolos da construção da nova capital. 

Até a primeira metade da década de 70, os contratos particulares mantiveram o funcionamento do hotel que, depois, foi alugado para lojistas. No início dos anos 80, a Previdência venceu, na Justiça Federal, uma ação de despejo com o último locador, requerendo o imóvel para seu uso. A partir daí o edifício foi ocupado pelo INSS, que desprezando o valor histórico, artístico e cultural, tentou por duas vezes, demolir o edifício. 

Com a defesa de intelectuais e outras personalidades, o prédio foi finalmente tombado, em 1991, como um dos 20 bens que formam o patrimônio do estilo arquitetônico arte decó em Goiânia. E em 2003, veio o reconhecimento também do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que declarou o tombamento do conjunto urbano de Goiânia, um total de 22 edifícios e monumentos públicos, concentrados, em sua maioria, no Centro da cidade, entre eles, o edifício do Grande Hotel. 

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Depois de uma longa negociação, o prédio foi devolvido à Prefeitura de Goiânia, mas ainda hoje continua sem uma destinação compatível com a sua grandiosidade. Gutto Lemes, que também é idealizador do Goiânia Art Decó Festival, lamenta. “O prédio se encontra em péssimo estado de conservação e fechado. Após 2004, suas funções de Centro de Referência e Memória de Goiânia, Biblioteca Infantojuvenil, Café e Espaço de Exposições foram passo a passo sucateados. É de doer o coração em lembrar o que foi um dos primeiros prédios art déco e hotel da Capital e a forma como é tratada nossa história pelo poder publico, gestores e instituições de preservação patrimonial”.

Gutto defende a elaboração de um projeto que contemple, inicialmente, uma profunda restauração e, em seguida uma destinação com finalidades artísticas, culturais e turísticas, mas que seja algo que valorize a real importância do Grande Hotel. “Ele poderia ter as funções de museu do Art Déco que falta à nossa Capital, por ser uma das mais importantes do mundo no segmento arquitetônico, um museu de fotografia, pois tivemos grandes fotógrafos e possuímos um excelente arquivo fotográfico, um espaço para exposições. Em relação ao turismo, poderíamos ter um espaço de informações turísticas ao visitante que chega em nossa Capital e à população em geral. Qualquer ação que leve cultura, turismo e educação ao famoso hotel de Goiânia, seria louvável! O que não podemos aceitar é que a história perca sua função de levar conhecimento relativo ao passado e a referência da evolução de nossa jovem e joia rara que é Goiânia”, finaliza.

A campanha “Nossa história”, postada todos os sábados nas redes socais do Legislativo goiano, traz sempre informações, detalhes e personagens que ajudaram a construir o nosso estado. Se você quer conhecer um pouco mais da nossa história, acompanhe as redes. Você pode também interagir sugerindo temas para a campanha. 

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