
Wesley Costa e André Saddi
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, recebeu lideranças dos setores da saúde e do agronegócio para discutir estratégias frente à taxação de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. As reuniões ocorreram nesta quarta-feira (23), um dia após o lançamento de linhas de crédito voltadas ao empresariado goiano. Goiás foi o primeiro estado a anunciar medidas com o objetivo de mitigar os impactos da medida e preservar empregos.
A agenda teve início com representantes dos setores de fármacos e saúde. Na sequência, o governo estadual dialogou com produtores das áreas de carne, derivados e pescados. Ainda na quarta-feira, foram realizados encontros com os setores de mineração, soja e cítricos. A rodada de reuniões segue na quinta-feira (24) com representantes do setor sucroenergético e de curtumes.
Segundo o governador, o objetivo é entender as demandas específicas de cada segmento e alinhar a atuação das secretarias estaduais para mitigar possíveis impactos da medida americana. Caiado manifestou preocupação com a possibilidade de adoção de reciprocidade tarifária pelo governo federal, o que, segundo ele, pode agravar uma crise econômica e social no país. “Precisamos trabalhar para que essa taxa não venha impor ao Estado de Goiás uma penalização que não tem nada a ver. O que nós vamos sofrer em decorrência de uma briga ideológica?”, questionou.
Para Caiado, a postura adotada pelo governo federal junto aos Estados Unidos pode afetar diretamente as economias estaduais. “Se a posição do presidente da República é provocativa aos americanos, não é por isso que Goiás ou outros estados tenham que ser penalizados. Essa posição é do Lula, e não nossa. Nós queremos acordo, diálogo. Queremos deixar os empresários trabalharem e garantir o emprego dos trabalhadores”, afirmou.
SETOR DE SAÚDE ALERTA PARA RISCO DE DESABASTECIMENTO
Durante o encontro com representantes da saúde, lideranças alertaram para os efeitos da taxação no abastecimento de insumos hospitalares, muitos dos quais têm origem ou controle norte-americano. Caiado defendeu que o setor seja excluído da medida por razões humanitárias. “É o sentimento de todos que participaram da reunião, já que coloca em risco a vida de pessoas”, disse.
De acordo com o secretário estadual da Saúde, Rasivel dos Reis, cerca de 30% dos custos hospitalares estão ligados a insumos, materiais e medicamentos. A estimativa é de que os custos possam subir entre 2% e 3% em caso de retaliação tarifária, o que comprometeria a sustentabilidade financeira de unidades de saúde.
O CEO da Halex Istar, Thiago Salinas, destacou que até itens básicos, como o soro fisiológico, podem ser afetados. “O principal custo está na embalagem, e ela é vinda diretamente dos Estados Unidos”, explicou. Já o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade de Goiás (Ahpaceg), Renato Daher, apontou o risco de desabastecimento de equipamentos de imagem e materiais cirúrgicos.
AGRONEGÓCIO BUSCA SOLUÇÕES ANTECIPADAS
No encontro com representantes do agronegócio, foram discutidas as consequências da taxação anunciada por Donald Trump que causarão impacto imediato no setor. “Estamos nos preparando antecipadamente, tomando medidas ao invés de começar a discutir só a partir de 2 de agosto”, enfatizou Caiado.
Entre as medidas anunciadas está o lançamento do Fundo Creditório, voltado a empresas com forte presença nas exportações para os EUA; o uso do Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq), que subsidia encargos de operações de crédito; e a ativação do Fundo de Estabilização Econômica do Estado de Goiás, criado para garantir a continuidade de serviços públicos em momentos de crise.
Participaram do encontro representantes da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), empresários do segmento e representantes sindicais.


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